As melhores técnicas de recrutamento e seleção que vão transformar sua área de RH

Categoria
Recrutamento

Com as mudanças sociais, impostas pela pandemia de Covid-19, e o avanço da tecnologia, os processos de recrutamento e seleção ganharam novos contornos.

Do envio de currículos e entrevistas presenciais com o RH e gestores, a seleção de pessoal se aperfeiçoou e já usa recursos como vídeo e inteligência artificial.

Além disso, conta com a participação de candidatos de cidades vizinhas, já que a barreira geográfica foi quebrada com a adesão ao home office e, em algumas empresas, ao modelo híbrido de trabalho.

“As distâncias físicas para alcançar bons profissionais diminuíram, o que abre muitas oportunidades”, diz Ana Caroline Olinda Ribeiro, professora da HSM University.

Mas, segundo ela, é preciso ter em mente que o desafio da área de R&S vai muito além de apenas encontrar o candidato ideal. 

Isso porque, se de um lado, vemos o apagão de talentos, em especial na área de tecnologia; de outro, a taxa de desemprego só aumenta, tendo alcançado 14,6% no último trimestre de 2021, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

“Apesar de muito se falar que isso se deve à falta de qualificação profissional, é importante pensar em quantos bons candidatos deixam de ser considerados nos processos convencionais, seja por filtros não condizentes à vaga oferecida ou, até mesmo, por vieses do recrutador”, afirma.

Ela cita, ainda, o turnover motivado por falta de fit cultural e as intensas reclamações dos processos seletivos que povoam as redes sociais.

Para Ana Caroline, é preciso repensar as estratégias, métodos e critérios, e posicionar os processos de recrutamento e seleção como parte fundamental da jornada do colaborador, que começa muito antes do contrato de trabalho.

“Assim como a jornada cliente, é fundamental que ela seja sem atritos e surpreendente para gerar engajamento – o que será essencial para garantir resultados e diminuir turnover”, diz.

NESTE ARTIGO

As sete técnicas de recrutamento e seleção mais modernas

1. Inbound Recruiting

Trata-se de uma técnica inspirada no Inbound Marketing que visa atrair e fidelizar clientes por meio de estratégias de compartilhamento de conteúdo relevante.

Isso quer dizer atrair candidatos potenciais, estreitando o relacionamento com eles e fortalecendo interesse desses profissionais em integrar o time.

“A grande sacada do Inbound Recruiting está em parar de correr atrás dos candidatos e estimular que os bons profissionais corram até a empresa, posicionando-a como uma marca empregadora”, diz Ana Caroline.

Segundo ela, isso ocorre por meio do mapeamento da jornada desse candidato, passando desde o momento de descoberta e despertamento, até a hora do encantamento e fidelização.

Na prática, a companhia passa a entrar em contato com os potenciais candidatos por meio de redes sociais, blogs, eventos, podcasts e de sites como o Glassdoor.

2. Vídeos

Nesse modelo, o currículo tradicional é substituído por um vídeo de apresentação, o que ajuda o recrutador a avaliar competências que vão além do técnico, como comunicação, coragem, preparação e capacidade de estruturar ideias. 

3. Plataformas com IA e People Analytics

O uso de plataformas que automatizam etapas por meio da tecnologia tem crescido, pois, quando bem utilizadas, ajudam os recrutadores a aplicar filtros e a garantir o feedback ao participante.

Por meio do People Analytics e da Inteligência Artificial, é possível processar um maior volume de dados sobre os candidatos e acelerar o processo de tomada de decisão do recrutador, aumentando a assertividade da seleção.

“O desafio está na criação de critérios claros de seleção e de filtros que, realmente, representem o que a empresa precisa, deixando para a tecnologia apenas a tarefa de automatizar e filtrar”, diz Ana Caroline.  

4. Hackathons

A palavra hackathon vem da união de hack (programar) e marathon (maratona). Trata-se, assim, de um evento em que profissionais ligados à tecnologia criam aplicativos úteis em um curto período de tempo.

Em recrutamento e seleção, a ideia é que os participantes desenvolvam ideias de forma colaborativa e entreguem protótipos funcionais.

Com esse método, é possível avaliar, além do técnico, competências como criatividade, inovação e trabalho em equipe, que são essenciais e difíceis de serem avaliadas apenas em entrevistas ou análises curriculares.

5. Mapeamento Comportamental

Processo que permite identificar padrões de comportamento e conhecer o perfil de cada candidato. Isso acontece com a aplicação de diferentes técnicas como testes, entrevistas, simulações e de dinâmicas de grupo, tendo como base a tecnologia.

6. Seleção às cegas

Na seleção às cegas, o candidato é avaliado por atividades e desafios, sem que o recrutador veja seu currículo ou aparência física; este aspecto só será visto no final do processo.

7. Seleção por pares

Aqui, o RH cede espaço para os futuros colegas, que têm a liberdade de avaliar o candidato por meio de entrevistas e de um bate papo com muita transparência.

Mas, lembre-se: ao selecionar uma plataforma ou mesmo usar a tecnologia em um sistema próprio, é crucial pensar na experiência do candidato. 

Afinal, não se trata apenas de recrutar e selecionar, mas, sim, de garantir que esse relacionamento integre a jornada do colaborador, sendo memorável e sem atrito, para que o profissional permaneça na empresa e traga bons resultados.

Principais mudanças na estratégia de recrutamento

As mudanças na área de R&S vão além da adoção de novas tecnologias e passam por uma mudança de mentalidade, como explica Ana Caroline.

“De nada adianta contar como uma super plataforma, capaz de prever aderência de perfil, por exemplo, se a área não for capaz de atrair os melhores candidatos e evitar que os bons sejam eliminados por filtros, muitas vezes, descabidos”, diz.

Segundo ela, essa mudança de mentalidade está associada diretamente à necessidade das empresas de inovarem, o que passa, naturalmente, por criar um ambiente com diversidade de ideias e perfis.

A professora exemplifica com a formação acadêmica e o nível do inglês.

“Antigamente, o nome da Universidade e o nível de proficiência tinham um peso enorme na decisão.O problema é que tem muita gente boa no mercado que não teve a oportunidade de fazer uma “faculdade de ponta”, mas que possui habilidades incríveis, que farão mais diferença no desempenho e produtividade”, explica.

O mesmo ocorre com o inglês. Segundo Ana Caroline, muitos cargos trazem essa exigência, mesmo que o colaborador não vá utilizar a língua no dia a dia.

“É aí que o paradigma deve ser quebrado. Se não for imprescindível, não deve entrar no filtro. E mesmo que seja necessário, porque não retirar o filtro e, ao encontrar um bom candidato, facilitar seu acesso à formação?”, questiona.

Nesse ponto, um grande desafio para R&S é dar espaço para diversidade e inclusão, ou seja, muito mais do que preencher cotas, é realmente trazer para a empresa esse tópico como estratégia de negócio.

“Um ambiente diverso e inclusivo, tende a ser mais inovador e flexível, além de beneficiar a pluralidade de ideias”, diz.

De acordo com Ana Carolina, além da revisão de filtros, é preciso trabalhar os vieses de quem recruta, em especial, sabendo que as pessoas tomam decisões baseadas em suas experiências anteriores.

“As empresas têm investido em capacitação para recrutadores e líderes, principalmente para que eles reconheçam seus vieses inconscientes”, explica.

Duas estratégias se destacam nesse processo: a seleção às cegas e a seleção por pares.

Como estruturar a área de recrutamento e seleção

As mudanças dos últimos anos impactam, também, a estrutura da área e o perfil do recrutador. 

Segundo Ana Caroline, se antes o interessante era ter formação em psicologia e domínio de testes e avaliações comportamentais, hoje, o profissional de R&S tem que ser muito mais flexível e completo, com pensamento analítico, profundo conhecimento do negócio e, principalmente, muita humanidade.

“A área deixa de ser apenas ‘um filtro’ e passa a ser uma parceira do negócio. E o ato de selecionar deixa de ser burocrático para se tornar parte essencial da jornada desse novo colaborador”, explica.

Para isso, é fundamental investir em novas tecnologias e capacitar o time de recrutamento e seleção, além de aproximá-lo das decisões da empresa.

Isso porque, essa equipe será responsável por posicionar a marca como empregadora e proporcionar uma experiência diferenciada aos futuros colaboradores, sendo parte essencial na transformação de um candidato a um fã da marca.

“A estrutura de uma área de R&S moderna deve considerar aspectos como transparência, assertividade, equidade, diversidade e credibilidade”, completa Elisabete Camilo Rigolon Lança, professora dos cursos de gestão da Universidade São Judas Tadeu.

Nesse sentido, ela ressalta o uso de inteligência artificial para reduzir o risco de subjetividade e apoiar a tomada de decisões de forma assertiva. 

A melhor maneira de garantir uma boa experiência ao candidato

Já é uma tendência pensar na jornada do candidato como se pensa na do cliente. Trata-se do chamado social hiring, ou marketing de recrutamento, modalidade utilizada pelas empresas para trazer mais agilidade e assertividade na seleção de pessoas.

De maneira prática, assim como o marketing, o RH precisa assumir um posicionamento ativo e utilizar boas estratégias para criar uma marca empregadora atrativa para receber os melhores talentos.

“O colaborador é visto com a mesma  importância de um cliente e passa a ser alvo das mesmas técnicas de abordagem, como inbound e outbound”, explica Elisabete. 

Além disso, a professora destaca a  utilização de tecnologias que facilitem o cadastramento para as vagas, com a descrição clara do que se espera em termos de competências e habilidades.

Aliado a isso, é essencial contar com uma plataforma de recrutamento e seleção amigável para o acolhimento do candidato.


Nos últimos anos a área de RH precisou atualizar-se para não somenta atrair os melhores talentos de forma inteligente, mas também para cuidar de toda a jornada do colaborador.

Por isso, é muito importante trazer para a dinâmica do seu time novas técnicas que vão suportar o sucesso da sua área.


Sobre o autor:

A Woke é uma empresa de executive search e desenvolvimento de carreira,  acreditamos que pensar em carreira não tem hora.

Nascemos em 2016 pelo inconformismo no modo de operar as relações de trabalho. O mundo está em constante evolução, a tecnologia impulsionou mudanças em diversos setores do mercado, e pensar as relações de trabalho não poderia ser diferente.

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