Você está pronto para viver 100 anos?

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Descubra como viver 100 anos, transformando uma vida mais longa em uma vida melhor.

Como a maioria dos leitores desse artigo, você provavelmente cresceu vendo nos “100 anos” uma espécie de marco na vida de poucos e bons. Aquela avó do seu amigo que chegou aos 100 “ainda lúcida”.

Aquele autor de 102 anos que revelou o segredo para uma vida longa – “sorria mais!”

Todos nós conhecemos uma velhinha sábia que ultrapassou os limites da condição humana e colocou três velas no bolo de aniversário.

Esse imaginário da longevidade coloca a vida de 100 anos muito distante de nós, meros mortais. Mas será mesmo?

No livro The 100-Year-Life – Living and Working in an Age of Longevity, Lynda Gratton e Andrew Scott partem do seguinte fato: nos últimos 200 anos, a expectativa de vida cresceu mais de dois anos a cada década. Em outras palavras: se hoje você tem 20 anos, tem 50% de chance de viver mais que 100 anos. Se você tem 40 anos, tem 50% de chance de viver até os 95 anos. O ritmo tem se mantido ao longo dos anos. Se o seu filho estiver nascendo hoje, ele tem 50% de chance de viver mais que 105 anos. (Um século antes, a chance de ele virar um dos velhinhos sábios seria de 1%).

 

A estatística não é a parte mais surpreendente dessa história. O chocante é saber que estamos vivendo muito mais que as gerações anteriores, mas seguimos repetindo o mesmo modelo de vida de nossos pais e avós.


Que modelo é esse?

A vida em três estágios: primeiro educação, depois carreira, por fim aposentadoria – nessa ordem.

Pode parecer teoria, mas toda a nossa organização social, todas as nossas escolhas de vida, se baseiam nesses três momentos. Essa estrutura é tão enraizada que não parece ser o que de fato é: uma construção social do século XX. O reflexo de uma época que não existe mais.

Pois se vivemos mais, onde acomodamos nossos anos extras?

Simplesmente esticar o modelo antigo para aplicá-lo em nossa vida mais longa gera dois cenários possíveis: uma fase de aposentadoria que se arrasta (e provavelmente não se sustenta financeiramente) ou uma fase de trabalho que mais parece a versão real de O Feitiço do Tempo: não acaba nunca.

A discussão essencial é como podemos transformar uma vida mais longa em uma vida melhor.

Não é o futuro que precisamos repensar, mas o presente. Viver mais não é acrescentar anos no final da vida – é reestruturar nossa existência: educação, carreira, finanças, relacionamentos, saúde.

A proposta de Lynda Gratton e Andrew Scott substitui a vida em três estágios por uma vida em multiestágios: mais flexível, com variedade de carreiras, breaks e transições. Em uma vida mais curta, o que aprendemos aos 20 anos pode durar uma vida inteira de trabalho. Uma vida mais longa pede reinvestimento em educação ao longo da carreira, pausas reais para reaprender.

Na vida de 100 anos cabem não só uma, mas duas ou três carreiras diferentes.

Em uma delas o seu foco pode ser trabalhar mais e ganhar dinheiro, em outra pode ser trabalhar menos e passar tempo com a família, em outra o foco pode ser social. Ninguém mais precisa escolher um ou outro caminho: transições são previstas. “Transitions will become the norm,” dizem os autores.

É claro que toda essa mudança não afeta só o indivíduo: as consequências na sociedade e no mercado de trabalho são gigantescas. Uma das diferenças mais óbvias é a separação entre idade e estágio de vida.

Hoje conhecemos o momento de uma pessoa por sua idade: com 18 anos, ela está começando a faculdade; com 40 anos, tem uma posição sênior; com 60 anos está prestes a se aposentar.

Na vida em multiestágios, a idade não revela mais do que a quantidade de anos de alguém.

Iniciantes trintões são bem-vindos. A aposentadoria fica para mais tarde. Saúde ganha prioridade: não adianta viver mais sem ter qualidade de vida. Surgem novas fases de exploração e produção independente. Homens e mulheres se revezam nos ciclos de vida para manter o equilíbrio entre família e trabalho. Corporações e executivos ganham com um cenário de diversidade, produtividade e aprendizado constante.

Assim como a globalização e a tecnologia transformaram nossas vidas, a longevidade também está plantando – nesse exato momento – uma revolução social e econômica.

A escolha é sua: fazer parte ou fazer parte!

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Sobre o autor:

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