Triple Bottom Line: por que e como implementá-lo
NESTE ARTIGO:
O que é Triple Bottom Line e sua importância
Os pilares da sustentabilidade
Como implementar o Triple Bottom Line
Os benefícios da adoção do tripé da sustentabilidade
O que as empresas estão fazendo
Conclusão
A sustentabilidade está totalmente ligada aos resultados dos negócios. Segundo o levantamento “Empresas Humanizadas do Brasil”, realizado pela Humanizadas, em parceria com o Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB), companhias que geram impacto positivo para a sociedade tiveram rentabilidade acumulada 3,5 vezes superior à média das 500 maiores empresas do país no período entre 2000 e 2019.
Um outro estudo, agora da IBM, mostra que 80% dos consumidores indicam que o tema é importante para suas opções de compra e uma pesquisa do IMD mostra que 62% dos executivos veem a sustentabilidade como estratégica.
As iniciativas de ESG, sigla em inglês para environmental, social and governance (ambiental, social e governança, em português), têm ganhado força nos últimos anos pela maior conscientização da população sobre o tema e pela importância que os principais fundos de investimento têm dado ao assunto.
Isso quer dizer que o capital financeiro — e as pessoas — entenderam que os aspectos socioambientais devem ser considerados para a valoração dos negócios.
“O aquecimento global e a escassez de recursos contribuíram para esse cenário. Ter saúde financeira não basta atualmente, é preciso ter gestão dos dados ESG”, explica Rafael Morales, consultor sênior de sustentabilidade e COO da TBL Manager, empresa especializada em soluções de business intelligence de sustentabilidade.
Os pilares da sustentabilidade
Diante desse cenário, empresas de diferentes portes têm adotado o triple bottom line, tripé da sustentabilidade, em tradução simples.
O conceito tem como premissa central o comprometimento que as empresas devem ter em medir o seu impacto social e ambiental – além de seu desempenho financeiro – em vez de focar exclusivamente na geração de lucro. São três os pilares desse conceito:
Social
A responsabilidade social das empresas gera grande impacto no contexto em que elas estão inseridas e também em seus colaboradores.
Há duas maneiras de ver a questão social por uma companhia: interna e externamente. É preciso exercer responsabilidade e boas práticas diante dos funcionários e também estender essa atuação à comunidade.
Na prática, isso quer dizer que a empresa deve respeitar seus colaboradores e oferecer boas condições de trabalho, como flexibilidade, remunerações justas, benefícios condizentes ao perfil do time, inclusão e diversidade e suporte, sobretudo em momentos delicados na jornada do colaborador, como o seu eventual desligamento.
Além disso, a companhia deve se preocupar com a comunidade na qual está inserida, por meio de projetos sociais, valorização da mão de obra local e programas de apoio ao bem-estar e incentivo educacional, por exemplo.
Econômico
Este pilar contempla governança corporativa, compliance, aspectos concorrenciais, impacto econômico, clientes, fornecedores, práticas de controle e mensuração de risco.
Prevê a incorporação de ações sustentáveis a curto, médio e longo prazos, que aumentem a lucratividade das empresas e promovam e qualidade de vida aos cidadãos afetados ou não por sua atividade produtiva.
Além disso, as empresas precisam se comprometer em demonstrar seus resultados de maneira adequada, sobretudo, quando existem acionistas interessados nessas informações.
Ambiental
Pilar que considera impactos na biodiversidade, consumo de água e energia, emissões de GEE e resíduos.
É normal que qualquer atividade produtiva impacte de alguma forma o meio ambiente. Assim, para alcançar a sustentabilidade, é necessário que os meios produtivos descubram e implementem novas formas de repor os recursos naturais utilizados na produção.
Além disso, devem se adequar a legislações ambientais e aos princípios do Protocolo de Quioto, e devem investir em controle de emissão de gases poluentes e em programas de preservação da flora e da fauna e de despoluição de rios e oceanos.
Como implementar o Triple Bottom Line
A implementação do Triple Bottom Line depende do estágio e da maturidade de cada empresa sobre o tema.
“Mas basta ter engajamento da alta gestão e da equipe para que boas práticas de sustentabilidade possam acontecer”, explica Rafael.
Segundo ele, qualquer empresa pode começar essa jornada.
“Controlar aspectos simples, como quantidade de plástico descartada e quais são os impactos que o produto ou serviço traz para a sociedade, são maneiras de começar a implementar ações de sustentabilidade”, diz.
O mais importante é entender e definir de forma clara, quais são os aspectos a serem trabalhados.
“Outra maneira é ouvindo os grupos de interesse — clientes, fornecedores, investidores e colaboradores envolvidos no negócio — para definir os passos da empresa nesse sentido”, afirma.
É importante, ainda, estar em dia com as obrigações legais, possuir um conjunto de práticas de gestão relacionadas ao tema e conscientizar os líderes da importância do assunto para que atuem em suas áreas tendo a sustentabilidade como base.
“É interessante, também, contar com práticas de controle e monitoramento de indicadores (KPI’s), metas e remuneração variável vinculada a critérios da sustentabilidade”, diz Rafael.
Mas, ao implementar soluções ecológicas na empresa, é preciso seguir alguns princípios, como identificar o que deve ser realizado, assegurando o comprometimento de todos os envolvidos e definindo a política ambiental, e elaborar um plano de ação voltado ao atendimento dos requisitos da política ambiental;
No que se refere à implantação de um projeto de sustentabilidade, a mudança do mindset de empreendedores, administradores e gestores sobre o tema é essencial.
Isso porque são eles que vão dar vida às ações.
Outro ponto importante, é contar com indicadores precisos que possam ser apresentados nas mesas de reunião e na captação de investidores.
Benefícios da adoção do Triple Bottom Line (Tripé da Sustentabilidade)
Inserir a sustentabilidade na estratégia da empresa reduz riscos, diminui custos e aumenta a produtividade. Veja mais detalhes a seguir.
Redução dos custos
Potencializar o uso das embalagens, por exemplo, significa melhorar a eficiência logística.
Investir em lâmpadas de LED ou em fontes renováveis de energia é pensar em eficiência energética. Da mesma forma que reduzir desperdícios e reaproveitar resíduos é aprimorar o rendimento produtivo.
Conquista de novos consumidores
Hoje em dia já não basta oferecer um produto ou serviço que proporcione uma boa experiência para o consumidor.
As gerações Z e Y, por exemplo, se preocupam com a sustentabilidade. Assim, quando uma empresa promove ações nessa área, envia um sinal positivo a esse público, criando conexões mais fortes.
Isso quer dizer que, além de consumir, esses consumidores serão leais à marca e vão recomendá-la para mais pessoas.
Profissionais mais engajados
Dar atenção ao ambiente de trabalho, fornecendo condições de trabalho justas e promovendo relações humanizadas, aumenta a produtividade e o engajamento dos funcionários.
Além de serem mais produtivos, eles vão contribuir para a construção de uma imagem positiva da empresa, reforçando a marca empregadora.
O que as empresas estão fazendo
Muitas companhias já possuem metas corporativas de aspectos ambientais e sociais e, como reflexo, tem um elevado nível de comprometimento dos clientes e dos funcionários, como explica Rafael.
Ele exemplifica com alguns cases de sua empresa. A Raízen, por exemplo, realiza 80% de sua coleta de dados para o Inventário de Emissões de GEE por meio de integrações.
Já a Sicredi, que possui uma estrutura complexa de unidades, cooperativas e agências, controla suas emissões de CO² e realiza a coleta de seu Relatório Anual, dentro do Sistema de Indicadores da Sustentabilidade (SIS), que fornece às organizações recursos de gerenciamento das informações de sustentabilidade e relatórios em alinhamento com uma variedade de setores e verticais de negócios, incluindo a área de recursos humanos.
Outro exemplo, é o Santander, que controla aspectos de diversidade de seus fornecedores, gerando assim planos de ação claros para a tomada de decisão mais assertiva, respeitando também aspectos de sigilo e segurança da informação, pois toda informação é criptografada e seus logs ficam registrados para fins de auditoria.
Conclusão
Para alguns, adotar o conceito de triple bottom line pode parecer idealista em um mundo que enfatiza o lucro em vez do propósito. As empresas inovadoras, no entanto, têm mostrado repetidamente que é possível fazer bem fazendo o bem.
O conceito não valoriza o impacto social e ambiental em detrimento da lucratividade financeira. Ao contrário. Muitas empresas colheram benefícios financeiros ao se comprometer com práticas de negócios sustentáveis.
Além de ajudar as empresas a capitalizar em um mercado crescente de produtos sustentáveis, adotar estratégias de negócios sustentáveis pode ser altamente atraente para os investidores.
De acordo com estudos da Harvard Business School, evidências mostram cada vez mais que as empresas com métricas ambientais, sociais e de governança (ESG) promissoras, tendem a produzir retornos financeiros superiores.
Como resultado, mais investidores começaram a se concentrar nas métricas relacionadas a ESG ao tomar decisões de investimento.
Sobre o autor:
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